29/08/11

Dia 10 - O Dia Mais Longo

23 de Agosto, 2011
Parque Nacional do Gorongosa, Moçambique

Hoje foi o dia mais longo da competição, com cerca de 700km para fazer e uma fronteira pelo caminho. Hoje ia também pela primeira vez a Moçambique, esse país que ouço falar em casa desde que sou pequenino e também o meu primeiro contacto com a África "portuguesa". Devido à grande distância a percorrer, tivemos de sair às 5h e 50m do hotel e portanto não nos foi servido um pequeno-almoço. Como substituição deram-nos uma pequena caixa de comida onde também constaria o almoço. Ao abrir a caixa perdi logo o apetite tal era o aspecto da coisa. À minha frente tinha um croissant, um scone, um queque, 3 salsichas, ovos mexidos, uma banana e uma maçã. Até parece algo completo não fosse estar tudo embrulhado em película aderente! Incluindo os ovos mexidos!

A viagem até à fronteira correu bastante bem. Fomos dos primeiros a chegar à fronteira e estávamos com pressa pois queríamos procurar um mecânico em Tete para tentar colocar o amortecedor no sítio. A entrada em Moçambique é um pouco desoladora, tal como a passagem da Tanzânia para o Malawi. Toda a região norte do país foi muito afectada pela guerra colonial e depois pela guerra civil. As primeiras vilas que se vêem são muito pequenas, não possuem electricidade, nem têm as cores coloridas da publicidade à vodacom e airtel como no outro lado da fronteira. As estradas continuam sem trânsito e continuam-se a ver muitas bicicletas, embora desta vez levem duas pessoas. Normalmente vai o homem a guiar e sentada no apoio traseiro vai a mulher com as compras ou uma criança. Ao chegarmos a Tete as coisas começam a melhorar, vê-se mais gente e mais movimento nas estradas. Actualmente a cidade tem-se desenvolvido bastante com a industria do carvão, possuíndo na sua região importantes reservas hulhíferas. Para ficarem com uma ideia, os hotéis da cidade estão reservados durante meses, incluindo os que ainda estão em construção.

Já em Tete dirigimo-nos à Toyota (tal como na Tanzânia tudo o que tem 4 rodas é Toyota), com esperança que dessem uma vista de olhos no carro, mas não sendo japonês nada feito. Fomos então à garagem ao lado, à Auto Reparadora e o meu pai lá arranjou um mecânico, o senhor Simeão. Acho que sem perceber qual era o real problema do carro disse que se podia arranjar. Lá se tirou o pneu e com o problema à sua frente o senhor Simeão decidiu soldar uma peça para retirar o resto do parafuso que tinha partido. A máquina de soldar é uma relíquia de museu e um autentico milagre de como ainda funcionava. O que é certo é que a ideia do senhor Simeão não funcionou. 2h e 30m depois lá se conseguiu tirar o parafuso e aí surgiu um outro problema: "Senhor Simeão tem aí um parafuso igual?" perguntou o meu Pai. "Ah patrão isso não sei, tem de se ir procurar" respondeu o pobre homem. O meu Pai ficou para morrer. Lá se conseguiu encontrar um parafuso (a julgar pelo aspecto será pré-25 de Abril). Já se fazia tarde e 3 horas depois de entrarmos na garagem, saíamos com o amortecedor no sítio mas menos uma porca. Alguma falta vai fazer no futuro, pois se a tinha é porque era importante, mas lá chegaremos.

A acelerar pelas estradas moçambicanas, tínhamos de fazer 470km em 5 horas, antes que os portões do Parque Nacional da Gorongosa (o nosso local de dormida) fechassem. para quem tinha acabado de meter um parafuso enferrujado e menos uma porca no amortecedor, o condutor não parecia nada preocupado. Lá chegamos a 40 minutos do fecho das portas e com um penalty de 12 minutos por estarmos fora do tempo. Tal como entrar em Moçambique, entrar na Gorongosa foi um bocado triste. Aquele que em tempos foi considerado o melhor Parque africano está neste momento muito diferente e certamente mais pobre mas sobre isso falamos amanhã. Agora vou descansar que hoje o dia foi longo.

1 comentário:

  1. Ora esse almoço película aderente parece-me uma maravilha!!:p
    Consigo imaginar o teu Pai. Boa sorte com o carro!!!

    Tenho saudades.

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